Ontem uma amiga me contou que seu “casinho” do tinder “estava frio”. Estava indignada. – Como é possível ser tão amável e interessado e depois ficar assim tão nem aí? Deixando ela falar, descobri que haviam se encontrado apenas 3 vezes, mas via Whatsapp trocavam longas conversas. Muitas coisas em comum para acabar assim, gelado como um iceberg . Acolhi minha querida amiga, e terminamos nosso papo. E minhas reflexões motivaram esse texto.
Já sabia que as pessoas utilizam do mundo virtual para se encontrarem, porem a historia da minha amiga me trouxe algo novo. Como não existe espaço entre eu e o interlocutor virtual cria-se a falsa sensação de intimidade, proximidade, vínculo.
Vejam bem que eu escrevi “falsa sensação”. Isso mesmo.
Quando realmente acontece o encontro o jogo muda. Coisas da minha época como a expectativa do encontro, olho no olho, todos os sentidos aguçados. É agora que a paquera realmente começa, pois até então era tudo”idealização”. Esse é o momento em que o sonho vira realidade e as vezes a realidade vira pesadelo. Mas é fato que o que deveria ser um meio de encurtar a procura pelo par ideal, tornou-se um ambiente de paquera virtual onde as pessoas podem ser o que desejarem. Onde escolhem com a ponta do dedo indicador com quem “combinam” e quem elas “excluem” do seu vasto hall de seguidores.
Agora eu pergunto: – Para que pular de paraquedas se posso apenas me apaixonar? Brincadeiras a parte, mas é fato que não existem certezas na escolha do eleito ou da eleita. A dinâmica envolvida em uma paquera como por exemplo, quem leva quem, dividir ou não a conta, preferencias sexuais, etc, não são cláusulas contratuais para serem discutidas via whatsapp.
Elas tem que ser vividas, negociadas olho no olho, boca na boca, mão na mão e mão em outros tantos lugares.
Beatriz de Angelo Canesin M. Carmo
Psicóloga – CRP: 06/118914
